83 cores

Título: 83 cores do dia 7 de Abril de 2019Técnica: Acrílica s/ 83 mini blocos de concretoDimensões da obra: (A x L x P) 9,6 cm x 16,5 cm x 1,3 cmDimensões da moldura: (A x L x P) 23,7 cm x 32,5 cm x 2,3 cmAno: 2019
Foto original editada
Foto:  Fabio Teixeira / AP

Disponível em: https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/brasil/2019/05/08/interna-brasil,753812/procuradoria-abre-investigacao-dos-80-tiros-de-militares-contra-musico.shtml
Disponível em: https://veja.abril.com.br/brasil/ministra-aponta-manipulacao-de-provas-em-caso-dos-80-tiros/ 

O trabalho inicia-se por meio de uma pesquisa na internet sobre o caso fatídico das duas pessoas que foram fuziladas por militares do exército brasileiro, na cidade do Rio de Janeiro, no dia sete de abril de 2019. Segundo informações iniciais divulgadas pela imprensa, o carro onde estava uma das vítimas havia sido alvejado por 83 tiros, posteriormente divulgaram outros números, mas optei por manter essa primeira contagem. 


Interessado em expor e refletir sobre este triste acontecimento, fiz download da fotografia mais chocante do caso, que foi divulgada na mídia nacional e internacional, na qual mostra o drama e o sofrimento de alguns familiares na cena do crime. Após o download, a foto foi tratada e manipulada em um programa de edição de imagens, utilizou-se um filtro de pixelização de imagem, sendo transformada em 84 cores. 


Ao invés de imprimir a imagem ou pintá-la sobre material comum de pintura como: papel e tela, optei por criar 83 mini blocos de concreto para servir de suporte para a reprodução da fotografia pixelada, que remetem a quantidade de tiros que alvejaram o carro da família, além disso, cada peça disposta uma ao lado da outra, tenta compor uma memória recente e fragmentada que não pode ser identificada, a memória que nos falta. As peças foram alinhadas e montadas de acordo com a foto.

A redução da resolução da fotografia original tem a intenção de eliminar seu caráter indiciário documental.


Compreendendo mais de uma linguagem artística, como: fotografia, pintura, escultura, objeto e instalação, a obra propõe uma reflexão acerca da perda da memória na sociedade contemporânea, nos faz pensar sobre como sofremos tantas interferências por meio de novas tecnologias e a velocidade da informação, que fatos importantes são esquecidos e sobrepostos por outros, numa velocidade em que não conseguimos digerir e nos acostumamos com o absurdo, é como se a barbárie tivesse virado norma. O trabalho é uma tentativa de reativar essa memória, ao inserir este fato numa exposição de arte de uma instituição oficial, completando-se com a interação com o público ao tentar identificar a imagem, associando-a com pistas como o título da obra.