Título: Vila esperança
Materiais: Madeira, cola, tinta spray, tinta PVA e tinta artesanal de argila sobre tela
Dimensões: (A x L x P) 46,5 cm x 66,5 cm x 11 cm
Ano: 2025
Detalhe
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Título: TAJ Home Resort
Materiais: Madeira, cola, tinta spray, tinta PVA e tinta artesanal de argila sobre tela
Dimensões: (A x L x P) 64,5 cm x 40 cm x 9,5 cm
Ano: 2025
detalhe
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Sobre
As obras fazem parte da série Segregação Socioespacial, que discute um problema estrutural que atravessa o Brasil e interfere no cotidiano de milhares de pessoas: a desigualdade no acesso à moradia. As peças Vila Esperança e TAJ Home Resort formam um díptico que propõe um embate simbólico entre realidades opostas da cidade de Vila Velha–ES.
De um lado, Vila Esperança, que carrega o nome de uma ocupação popular que recentemente esteve ameaçada por uma ação de reintegração de posse suspensa temporariamente pela justiça, aponta para a luta das comunidades pelo direito de existir. Do outro, TAJ Home Resort remete ao maior empreendimento imobiliário do Espírito Santo, localizado na mesma cidade, com seus 21 mil m² de área de lazer, torres de 25 e 50 andares, e um discurso de exclusividade que escancara o abismo social. Enquanto milhares de famílias enfrentam a insegurança habitacional, outras desfrutam de conforto e luxo em espaços projetados para isolar.
O trabalho busca evidenciar essas distâncias, esses contrastes, essas desigualdades gritantes que atravessam o espaço urbano.
A composição visual se constrói a partir de formas geométricas abstratas que fazem parte do repertório pictórico do artista. Utilizei peças de madeira recortadas geometricamente e fixadas sobre a tela, interagindo com formas pintadas diretamente com tinta artesanal de argila. As peças de madeira, por sua vez, foram pintadas com tinta spray. Essa sobreposição cria um corpo tridimensional, híbrido entre pintura e escultura.
Título: Minha casa, sonho distante
Materiais: Madeira, cola, pastilha de cerâmica, tinta spray e tinta acrílica sobre tela
Dimensões: (A x L x P) 47 cm x 62,5 cm x 14,5 cm
Ano: 2025
Detalhe
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Sobre
Na obra Minha casa, sonho distante, parto da minha própria vivência enquanto artista periférico para construir, de forma poética e crítica, uma reflexão sobre o afastamento crescente entre o sonho da casa própria e a realidade de grande parte da população brasileira. Me coloco também como alguém afetado por essa condição, diante do avanço da desigualdade social e da ineficácia de políticas públicas consistentes de moradia popular em níveis municipal, estadual e federal.
A obra, composta por formas geométricas abstratas, evoca simbolicamente um projeto 3D de uma casa, como se eu mesmo estivesse, entre esboços e incertezas, tentando imaginar e desenhar a casa que ainda não tenho. Um plano feito de desejo, mas também de ausência.
Foram utilizadas peças de madeira com recortes geométricos, fixadas sobre a tela, criando um diálogo entre o que é pintado e o que é construído. A pintura da tela foi feita com tinta acrílica; as madeiras foram pintadas com tinta spray. A presença desses elementos confere tridimensionalidade ao trabalho, posicionando-o no limiar entre pintura e escultura.
Além disso, a obra incorpora peças de revestimento cerâmico, pintadas com molde e tinta spray, formando o texto: “minha casa”.
Sobre
Os trabalhos aqui apresentados, compõem a série Segregação Socioespacial. Nas composições, o artista destaca a distribuição do espaço geográfico como um infográfico das desigualdades sociais, derivadas da ocupação das grandes cidades e da constituição dos territórios urbanos.
Para as pinturas, o artista explora e contrapõem imagens de satélite disponíveis através do Google Maps, de dois bairros da cidade de Vitória–ES, sendo um bairro de classe alta e outro popular, respectivamente. Utilizando a ferramenta de medição do próprio aplicativo, Renato calculou a medida da casa localizada na Ilha do Frade e sobrepôs sua área na Ilha das Caieiras, onde o limite estabelecido abrangeu uma numerosa quantidade de habitações.
Em Ilha da Utopia, Renato apresenta uma escultura abstrata que faz alusão à maquete de uma casa imaginária, um imóvel abandonado ou uma construção não concluída. Poética comum em sua trajetória e outros processos, o artista reivindica atenção aos espaços públicos e privados da cidade e o cumprimento de suas funções sociais como habitação e moradia, o acesso democrático e as relações de pertencimento às comunidades. Nessa obra, estabelece relações diretas com a arquitetura e outros referenciais que compõem o seu repertório: os materiais utilizados - concreto, vergalhão e madeira - e a forma abstrata.